Neandertal: O estudo do DNA antigo e a relação neuronal com o homem moderno

01/12/2023 04:46:23 Author: Tamara Nunes
Descobertos em 1856 na Alemanha, os povos pré-históricos conhecidos como Neandertais (Homo neanderthalensis), uma espécie extinta do gênero Homo, ganharam destaque na comunidade científica ao apresentarem semelhanças anatômicas e cognitivas com o homem moderno, baseado em estudos paleontológicos. 
 
Seu traçado histórico e aspectos culturais levaram a debates científicos relevantes e questionamentos fundamentais relacionados à evolução das espécies culminando com o estudo publicado 3 anos posteriores sobre a Origem das espécies, escrito por Charles Darwin. Essa intrigante história será abordada no blog de hoje, onde veremos como os habitantes mais antigos da eurásia se tornaram o centro da discussão científica do século XIX, levando em consideração os estudos sobre o DNA antigo e sua correlação com os aspectos neurocientíficos do homem moderno.
 
Povos que habitaram regiões da Europa e Ásia Ocidental por aproximadamente 200 mil anos, os neandertais, receberam esse nome pois seus primeiros fósseis foram encontrados no vale de Neander, na Alemanha. Apresentando características morfológicas anatômica peculiares, como baixa estatura, arcos superciliares duplos e proeminentes, testa estreita, ausência de queixo, capacidade craniana aumentada, estrutura musculares robustas, peito e quadril largos e membros curtos, os Neandertais são retratados na história, filmes e desenhos como povos primitivos rudimentares com baixa capacidade cognitiva. 
 
No entanto, com base em estudos genéticos do DNA antigo (fronteira científica que se dedica ao estudo do material genéticos de povos, animais e plantas que algum dia viveram na terra) e dos estudos paleontológicos, os Neandertais eram povos que viviam em pequenos grupos e apresentaram comportamentos desenvolvidos e capacidade cognitiva, semelhantes aos homens modernos. Os estudos retratam habilidades de construir ferramentas rudimentares, artes em cavernas, culto aos mortos, cuidado com os dentes, linguagem articulada e capacidade organizacional complexa.
 
Dessa maneira, com base nos aspectos genéticos do homem moderno, evidências sugerem que houve cruzamento entre espécies do gênero Homo gerando descendentes híbridos. Portanto, o DNA do homem moderno contém aproximadamente 2% do DNA dos neandertais. Já os aspectos neurofisiológicos e neuroanatômicos, mostram que os neandertais apresentavam cérebro maior e mais alongado, enquanto que o Homo sapiens apresenta cérebro menores e mais regulares. Seu cerebelo era menor quando comparado ao homem moderno, o que nos revela diferenças significadas correlacionadas à concentração, memorização, produção da linguagem, capacidades cognitivas e compreensão.
 
Dessa maneira, acredita-se que a extinção dos neandertais esteja relacionada a sua capacidade cognitiva e social. Adicionalmente, estudos mostram que a não adaptação às mudanças climáticas constantes e a progressão dos Homo sapiens na eurásia podem ter contribuído para a extinção dos Homo neanderthalis. 
 
                 

 
Referências:


  1. MEYER, Ana. Detetives do DNA-como a dupla hélice está solucionando mistérios e crimes do passado. Record, 2008.
  2. Ancient DNA reveals new twists in Neanderthal migration. National Geographic, 2019. 
  3. Neuroscience: Neanderthals in mind. Nature, 2011. 
  4. O cérebro dos Neandertais. A Mente é Maravilhosa, 2019.
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Autor:

Tamara Nunes

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