Jackson Cionek
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Cultura, Subjetividade e Resistência: Normatizando o Capitalismo de Vigilância e Promovendo a Liberdade Cognitiva

Cultura, Subjetividade e Resistência: Normatizando o Capitalismo de Vigilância e Promovendo a Liberdade Cognitiva

O ser humano, desde o início de sua existência, possui um potencial inerente de abstração e subjetividade que começa a se desenvolver ainda no útero materno. À medida que crescemos, somos inseridos em um processo de culturamento, onde a linguagem e a escrita desempenham papéis fundamentais. Esse processo, embora enriquecedor ao nos fornecer recursos semióticos para interagir com o mundo, também pode limitar nossa subjetividade ao nos conformarmos aos códigos culturais existentes.

A Mente e a Subjetividade

Antonio Damasio, em seus estudos, sugere que a mente é uma interação complexa entre a interocepção (a percepção dos estados internos do corpo) e a propriocepção (a percepção da posição do corpo no espaço). Essa perspectiva coloca a subjetividade como algo profundamente enraizado nas experiências corporais, distante da pura semiótica cultural à qual a Inteligência Artificial tem acesso.

Senso Crítico e Capitalismo de Vigilância

Diante do cenário atual, onde o capitalismo de vigilância coleta e analisa dados em larga escala para moldar comportamentos, surge a necessidade urgente de desenvolvermos e normatizarmos práticas que protejam nossas memórias, aprendizado e tomada de decisões. Shoshana Zuboff, em sua obra "The Age of Surveillance Capitalism", alerta para o fato de que as tecnologias digitais transformam os usuários em meros insumos para um sistema econômico que comercializa previsões de comportamento humano. Isso ameaça a liberdade individual e a autonomia, tornando crucial o desenvolvimento de um senso crítico robusto que possa resistir à manipulação.

O Papel da Educação Crítica

Estudos como os de Robert Bjork e May-Britt Moser destacam a importância da educação e do entendimento profundo de como aprendemos e armazenamos memórias. A educação crítica deve se concentrar em como a interação entre memória e aprendizado pode ser utilizada para fortalecer o pensamento crítico. Ao compreender como nossos cérebros processam informações, podemos criar estratégias educacionais que promovam uma maior autonomia cognitiva e resistência à manipulação midiática.

Normatização e Liberdade

Para que nossas memórias e decisões sejam menos manipuláveis, é essencial normatizar o uso das tecnologias que coletam e analisam dados. Isso inclui:

  • Transparência nas práticas de coleta de dados: As empresas devem ser obrigadas a revelar como os dados são coletados, armazenados e utilizados.

  • Educação digital: Capacitar as pessoas para entenderem e questionarem o uso de seus dados, desenvolvendo habilidades que lhes permitam discernir entre informações verdadeiras e falsas.

  • Regulação e ética na IA: Garantir que as tecnologias de IA sejam desenvolvidas e utilizadas com base em princípios éticos que respeitem a privacidade e a autonomia individual.

A liberdade de pensamento e decisão depende de nossa capacidade de manter uma subjetividade que não seja reduzida aos recursos semióticos de nossa cultura, mas que seja enriquecida por um entendimento profundo da interação entre corpo, mente e ambiente. A normatização do capitalismo de vigilância e a promoção de uma educação crítica são passos fundamentais para assegurar que nossas memórias e decisões permaneçam livres e menos suscetíveis à manipulação.

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Cultura Subjetividade e Resistência - Normatizando o Capitalismo de Vigilância e Promovendo a Liberdade Cognitiva
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Jackson Cionek

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