Rodrigo Oliveira
3510 Views
O mito da caverna e a popularização da Neurociência
Você já ouviu falar no mito da caverna? A parábola ou mito da caverna é uma alegoria presente no livro "A república", uma das obras políticas mais importantes do filósofo grego Platão. Essa alegoria de cunho filosófico e pedagógico retrata o conhecimento da verdade e sua importância na formação de um governo perfeito na época, que também pode ser aplicado nos dias atuais. Mas do que realmente fala essa parábola?
A alegoria da caverna expõe uma situação que envolve prisioneiros em uma caverna. Essas pessoas foram presas em correntes desde seu nascimento no interior de uma caverna, onde eram isolados por uma parede da saída do local para o meio exterior. Do outro lado da parede, em uma região mais elevada, possuía uma fogueira que projetava sombras de objetos e formas colocadas por pessoas livres que estariam entre a parede e a fogueira. Essas pessoas também produziam sons, que junto às sombras produziam a percepção de mundo restrita dos prisioneiros. A única visão que os prisioneiros tinham eram das projeções das sombras, eles não sabiam da existência da fogueira, pessoas, objetos e formas (Figura abaixo). Entretanto, um dia, um dos prisioneiros já adulto foi libertado. Tendo acesso ao mundo exterior, ele não conseguiu associar que estava vendo (a luz, a vegetação, as cores, o céu...) com a realidade que ele vivia, já que o que via, incomodava por ele não está acostumado nem adaptado aquela nova realidade. Logo, ele julga como sendo uma melhor alternativa voltar para o interior da caverna, no qual ele é totalmente adaptado e de onde sua vida é baseada. A partir daquele momento, se ele contar aos outros sobre o que viu e que aquela realidade é uma distorção, os seus amigos presos irão taxá-lo como louco, impedindo que qualquer coisa os retirem de lá. No contexto de Platão aplicado a sociedade da época, os prisioneiros seriam a sociedade que está restrita ao conhecimento político distorcido, representado pelas sombras e fogo, oferecido pelo governo aristocrático, as pessoas livres.
Mas o que isso tudo tem haver com neurociência? No mundo científico atual, onde um conhecimento é restrito a bancadas de laboratório, é exposto uma grande dificuldade desse sistema de tornar mais acessível o compartilhamento daqueles conhecimentos. Dessa forma, fazendo uma relação direta com nossa situação científica atual com a alegoria da caverna, podemos relacionar os prisioneiros como sendo os pesquisadores que apenas reproduzem o conhecimento de artigos científicos e grupos de pesquisa de sua área (sombra dos objetos e fogo). Já a caverna, representaria bem o laboratório no qual o conhecimento e as informações estariam restritos (Figura abaixo). Logo, se esses pesquisadores saem do seu laboratório e conhecem o mundo exterior com pessoas leigas no assunto que não os entendem, é mais cômodo para esses pesquisadores voltarem para sua caverna, ou melhor, para os seus laboratórios, onde todos conseguem se comunicar na linguagem científica.
The Cave Myth and Neuroscience
Mas qual a importância de tornar o conhecimento científico mais popular? Em muitos casos, sérios problemas sociais e de saúde podem ser ocasionados pelo por desconhecimento científico em massa da população. Um exemplo disso, foi o surgimento de movimentos como o anti-vacinas, na qual grupo populares defendiam o mito de que as vacinas poderiam causar síndromes, fazendo com que muitas pessoas deixassem de se vacinar, causando surtos de doenças. Outro exemplo recente foi a propagação de fake news durante a pandemia de coronavírus, na qual medicamentos sem comprovações científicas e com alguns efeitos adversos importantes foram propagados nas redes sociais como sendo responsáveis pela cura do COVID-19. Para tentar resolver esses tipos de problemas é muito importante tornar a linguagem científica mais acessível, utilizando um tipo de canal que facilite a propagação desse tipo de informação e que facilite a compreensão do receptor, como vídeos interativos, artes, textos em linguagens popular, apresentações voltadas para públicos leigos, entre outros. Isso é possível pois os indivíduos humanos compartilham mecanismos neurobiológicos semelhantes para processamento e informações de codificação, o que facilita transmissão de informações com contextos lúdicos e acessíveis para outros indivíduos.
Observando essa necessidade, nós da Brain Support nos inspiramos em levar conteúdo relacionados à neurociência e sociedade para toda comunidade científica e não científica, a fim de que todos se libertem de suas correntes e conheçam como é o mundo exterior fora da caverna. Saiba mais sobre comunicação científica conhecendo nosso projeto Neurolab:
Referências:
2300 years later, Plato’s theory of consciousness is being backed up by neuroscience
Da Rocha, A. F., Massad, E., dos Santos, P. C. C., & Pereira, A. (2015). A neurobiologically inspired model of social cognition: Memes spreading in the Internet. Biologically Inspired Cognitive Architectures, 14, 86–96.doi:10.1016/j.bica.2015.09.001
SPINELLI, Miguel. Questões Fundamentais da Filosofia Grega. São Paulo. Loyola, 2006, p. 278ss.
#eegmicrostates #neurogliainteractions #eegmicrostates #eegnirsapplications #physiologyandbehavior #neurophilosophy #translationalneuroscience #bienestarwellnessbemestar #neuropolitics #sentienceconsciousness #metacognitionmindsetpremeditation #culturalneuroscience #agingmaturityinnocence #affectivecomputing #languageprocessing #humanking #fruición #wellbeing #neurophilosophy #neurorights #neuropolitics #neuroeconomics #neuromarketing #translationalneuroscience #religare #physiologyandbehavior #skill-implicit-learning #semiotics #encodingofwords #metacognitionmindsetpremeditation #affectivecomputing #meaning #semioticsofaction #mineraçãodedados #soberanianational #mercenáriosdamonetização
Referências:
2300 years later, Plato’s theory of consciousness is being backed up by neuroscience
Da Rocha, A. F., Massad, E., dos Santos, P. C. C., & Pereira, A. (2015). A neurobiologically inspired model of social cognition: Memes spreading in the Internet. Biologically Inspired Cognitive Architectures, 14, 86–96.doi:10.1016/j.bica.2015.09.001
SPINELLI, Miguel. Questões Fundamentais da Filosofia Grega. São Paulo. Loyola, 2006, p. 278ss.